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Os melhores trabalhos brasileiros de jornalismo em saúde dos últimos seis anos

Os melhores trabalhos brasileiros de jornalismo em saúde dos últimos seis anos

fevereiro 28, 2019

Desde que o Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde começou em 2013, seis trabalhos brasileiros sagraram-se vencedores, tornando o país o mais agraciado pela  premiação. Histórias de denúncia com amplo rigor jornalístico, que tem ferramentas narrativas de qualidade e investigações sólidas que as respaldam, foram ganhadoras em todas as categorias.

Na busca pela excelência no jornalismo de saúde, o que motivou a Roche a realizar a premiação junto com a Secretaria Técnica da FNPI – Fundação Gabriel García
Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-americano, foi reconhecer e estimular a cobertura jornalística de qualidade sobre temas de saúde na América Latina.

Sobre o Prêmio Roche

As inscrições para a sétima edição do Prêmio estarão abertas até 4 de abril de 2019. Poderão ser inscritos trabalhos originais, em espanhol ou português, publicados ou emitidos na América Latina entre 1º de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2018, nas categorias Televisão e Vídeo e Jornalismo Escrito. Conheça as regras do Prêmio Roche 2019.

Longevidade para todos?, vencedora da categoria Jornalismo Escrito 2013

Longevidade para todos?, escrita por Flavia Duarte para o Correio Braziliense, é uma série de três entregas nas quais a jornalista brasileira aborda o tema da luta daqueles que padecem de doenças genéticas para viver muitos anos.

De acordo com o jurado da edição 2013, que deu o reconhecimento a esse trabalho na categoria Jornalismo Escrito, trata-se de uma “série de reportagens magistral e
rigorosa que recolhe diferentes perspectivas que são analisadas em profundidade, como os novos tratamentos, os cuidados paliativos, os avanços científicos, a luta
judicial, o apoio familiar e a importância das associações de pacientes. O trabalho demonstra originalidade, um trato rigoroso no tema e pluralidade de fontes”.

A volta da voz, vencedora da categoria Rádio 2014

A volta da voz, de  Hebert Araújo e Luis Sousa , nasceu em junho de 2013 quando a produção da Rádio CBN/João Pessoa, que transmitiu a reportagem, recebeu uma informação da Secretaria de Saúde do estado da Paraíba que informava sobre as primeiras cirurgias para a implantação de próteses em pacientes que perderam a
laringe por causa do câncer.

Nesse trabalho conta-se a história de Francisco Lunguinho, um locutor de futebol com décadas de experiência, muito conhecido no sertão da Paraíba, que foi submetido a essa cirurgia. Dois anos antes do procedimento, Lunguinho estava sem falar devido à
retirada da laringe e o uso de uma prótese para ele representava uma mudança extraordinária. Araújo e Souza decidiram contar essa história explorando o aspecto humano, mas também o das dificuldades que o sistema de saúde público brasileiro impõe aos cidadãos.

O jurado do Prêmio Roche destacou que “o trabalho combina exitosamente um bom jornalismo com diversidade de fontes, contexto e informação relevante ao utilizar com eficácia as ferramentas da narrativa do rádio. Está bem produzido, tem ritmo, e além disso, ilumina um tema de saúde, mas também da medicina de uma forma muito acessível para o público. O jornalista conta uma história muito humana e direta sobre um microcosmo, que tem momentos que comove não apenas a mente de quem escuta, mas também a consciência”.

Dor em dobro, vencedor da categoria Jornalismo Escrito 2015

Gabriela Sá Pessoa, Anna Beatriz Pouza e Natacha Cortéz fizeram um projeto investigativo independente sobre o serviço de aborto legal na rede pública de saúde
brasileira, que chamaram de Dor em dobro, para a Agência Pública de Jornalismo Investigativo.

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Esse é um tema rodeado de obscuridade, apesar de ser um direito garantido por lei, uma vez que toca  preconceitos morais e religiosos. Ao longo de seis meses, as jornalistas escutaram cerca de 40 fontes, entre pesquisadores, entidades e mulheres que tiveram o direito ao aborto negado no Brasil. Essa reportagem não se centra somente nos obstáculos no sistema de saúde que impedem o exercício pleno desse direito pelas mulheres brasileiras, mas também informa como proceder, como funciona o serviço de aborto e as permissões legais que uma mulher deve procurar caso necessite interromper a gestação.

O jurado destacou que é uma “investigação rigorosa e minuciosa, de um problema de saúde na América Latina e no mundo. Está construído a partir de uma grande variedade de fontes e histórias de vida que chegam a ser muito comovedoras, que nos ajuda a caracterizar o problema. É um produto que tem um modelo inovador de
independência de jornalismo comprometido e de denúncia. Essa investigação fala de um tema que preocupa a sociedade e que, além disso, é polêmico de conflitivo”.

Pedra no caminho, vencedor na categoria Televisão e Vídeo 2015

Na série Pedra no caminho, de Luciana Osório, Dráuzio Varella, Wellington Almeida, Flavio Lordello, Amanda Prada e Marconi Mato para o programa Fantástico, da Rede Globo, os jornalistas acompanharam por seis meses a rotina de tratamento de mulheres com câncer de mama em hospitais públicos de São Paulo para tentar entender porque uma doença curável mata tanto.

O resultado foi sete episódios transmitidos semanalmente, entre maio e junho de 2014, nos quais se evidencia que, apesar da alta mortalidade, o câncer de mama é uma doença curável se tratada desde o princípio. No entanto, na maioria dos casos, o diagnóstico é tardio. Este é um reflexo dos problemas do sistema de saúde pública do Brasil, único meio de acesso à saúde para 70% dos brasileiros.

Para o jurado, essa série se destaca pela maneira na qual aborda o tema do câncer desde diversos pontos de vista, necessários e complementários, sem ser fatalista, e
desmistificando o caráter mortal que foi dado a essa doença. Fornece uma visão lúcida, informativa e didática. Está cheia de dados corretos sobre a doença e propõe
uma discussão em torno aos sistemas de saúde público e privado: faz questionamentos e denúncias, mas também mostra o que funciona corretamente.

Cicatrizes do trabalho, vencedor da categoria Internet 2016

A reportagem Cicatrizes do trabalho, publicada no jornal de Santa Catarina por Pamyle Brugnago, Cleisi Soares, Arivaldo Hermes, Rafael Álvarez, Rafaela
Martins e Gilmar de Souza, fala sobre os frequentes acidentes de trabalho e doenças ocupacionais registrados na região de Blumenau. Com histórias de trabalhadores que perderam movimentos por acidentes laborais ou por uma rotina intensa de trabalho, o
material revelou um cenário pouco conhecido pela população. O texto também mostra que não existe uma compilação de dados sobre a real situação no Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

O jurado decidiu que essa história deveria ser a vencedora do Prêmio Roche porque “aborda um tema pouco recorrente nos meios de comunicação, mas muito relevante na sociedade latino-americana. A reportagem tem profundidade e parte de um universo pequeno para obter uma visão completa do tema. O texto é ágil e oferece um contraponto entre o testemunho humano e os dados concretos. É um exemplo de um
material que aproveita bem os recursos audiovisuais da internet. Destaca-se a claridade estética de sua apresentação e que o menu de navegação permite à
audiência decidir como consumir a reportagem”.

Recusas da FAB impedem transplantes de 153 órgãos, vencedor na categoria Jornalismo Escrito 2017

Esta série de reportagens de Vinicius Sassine conta, através de várias histórias, que no Brasil transplantes deixavam de ser realizados porque a Força Aérea Brasileira (FAB) negava-se a transportar órgãos ofertados por diversas unidades de saúde em diferentes pontos geográficos.

Do acordo com o jurado, “esse é um trabalho de investigação e de denúncia que evidencia um vazio legal que produz a perda de centenas de órgãos para transplantes por falta de transporte. A reportagem fez um seguimento do tema que fez com que se tomassem decisões políticas que efetivamente salvaram vidas, reivindicando a relevância da denúncia jornalística. O repórter consegue armar um argumento contundente contrapondo as histórias dos pacientes à espera de um órgão para o transplante – que não chega – e os políticos que receberam o traslado aéreo da Força Aérea. O jurado também destaca o bom uso que o jornalista fez da Lei de Acesso à Informação”.

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