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Como encontrar outros ângulos para cobrir o acesso à saúde no jornalismo

Como encontrar outros ângulos para cobrir o acesso à saúde no jornalismo

março 31, 2021

Há muitos outros aspectos relacionados ao acesso à saúde além da infraestrutura e das longas filas de pacientes esperando atendimento, ângulos mais comuns usados nesse tipo de notícias.

Elmer Huerta, oncologista, fundador e diretor do Preventório do Câncer no Centro de Câncer da Universidade George Washington, e comunicador de saúde peruano, compartilhou conceitos com os quais é possível identificar novas formas de cobrir e abordar o acesso à saúde nos meios de comunicação.

O acesso à saúde é um dos seis temas definidos pelo Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde como enfoque dos trabalhos jornalísticos a serem inscritos. Além disso, entrega-se todos os anos a cada uma das três categorias em disputa o melhor trabalho que aborde este tema.

Conheça as regras do Prêmio

Para que queremos acesso à saúde?

“As pessoas querem acesso à saúde para serem cuidadas”, disse Elmer Huerta.

Ainda que a resposta pareça óbvia, nela podem ser encontrados aspectos que aportam aos jornalistas novas abordagens sobre o tema

Segundo o especialista em saúde pública, “o cuidado da saúde é a atividade do sistema que previne a morte e a deficiência, alivia a dor e o sofrimento, e restaura o funcionamento normal do corpo”.

Agregou que neste cuidado de saúde também entram aspectos da vida pessoal, como o valor cultural e étnico, que devem ser levados em conta quando se aborda esse tipo de temas com o público, para que a mensagem chegue corretamente. “As percepções do que é saúde e doença mudam em diversos lugares do mundo”, disse o médico.

Além das notícias sobre longas filas nos postos de saúde

Na busca por outras formas de abordar esta cobertura jornalística, o especialista apontou três etapas do acesso à saúde que podem ser um norte inicial para os comunicadores:

1. Seguro médico: O indivíduo tem acesso ao sistema de saúde? Será fácil para ele conseguir atendimento após entrar no plano?

2. Localização geográfica: o usuário poderá ter acesso a qual serviço? Está perto de onde ele mora? O que ele precisa para chegar a este lugar?

3. Provedor de serviço: O usuário tem um seguro de saúde, doutor ou doutora, que ofereça um serviço de qualidade? Ele sabe como ter acesso a isso?

Segundo Huerta, o acesso pode ser interrompido em qualquer uma dessas etapas. Por isso, ele sugere aos jornalistas o monitoramento desse tipo de situações para identificar as histórias que evidenciam essa problemática.

Disse ainda que a identificação de outros enfoques ou abordagens para esse tema também podem surgir das três barreiras para um acesso à saúde adequado. Sao elas:

Estruturais: a configuração organizacional dos seguros, frequentemente baseados no sistema de financiamento do atendimento médico.

Financeiras: custo do atendimento a pessoas e familiares.

Pessoais e culturais: o conjunto de regras explícitas ou implícitas que determinam o comportamento de sujeitos sociais.

O especialista em saúde afirmou que “a maioria das notícias jornalísticas estão focadas nas barreiras estruturais (longas filas, tempos para atendimento), mas há outras visões do acesso à saúde que podem ser monitoradas”. Essas são algumas visões recomendadas:

– Pessoas sem seguro que não podem pagar por atendimento.

– Recusa da cobertura de saúde por condições (doenças) preexistentes do usuário.

– Incapacidade de viajar ou se deslocar ao centro de saúde.

– Falta de comunicação com os provedores de saúde por falar diferentes idiomas (no caso de populações indígenas) ou pela impossibilidade dos especialistas em utilizar termos próximos ao paciente.

– Comportamentos desrespeitosos do provedor, originados por falta de empatia com o paciente.

– Inclusão de populações especiais na cobertura. Por exemplo: comunidade LGBT, agricultores. Qual acesso à saúde eles tem?

– Aprofundar nas disparidades que afetam o acesso a atendimento médico (grupos raciais, étnicos, socioeconômicos, idades, estado de deficiência, entre outros).

– A eficiência das ações legais para o acesso aos serviços.

– Acesso específico a medicamentos.

– Estado dos cuidados paliativos.

– Telemedicina: método emergente para dar atendimento médico, especialmente como consequência da pandemia causada pela COVID-19.

– Avaliar a capacidade do sistema de atendimento de saúde em proporcionar serviços às pessoas recém-seguradas. As pessoas sabem usar seu seguro?

O poder da prevenção e da educação

Para Elmer Huerta a prevenção é um aspecto vital do cuidado da saúde e outra forma de demonstrar o acesso aos serviços. É por isso que o especialista reforçou diversas vezes esse enfoque aos jornalistas na orientação de suas notícias.

“O acesso à saúde garante que o estado geral da saúde física, social e mental do indivíduo estejam estáveis, cobertos e em harmonia. Serve para prevenir a doença”, assegurou.

Por isso sua visão de que o acesso à saúde não é somente a visita ao médico, o poder ir a uma clínica ou hospital, o ter uma infraestrutura, “mas também acesso a todos os elementos que fazem possível a prevenção da doença”, a partir da possibilidade de conhecer informação sobre doenças, seguros de saúde e como fazer uso deles, localização dos serviços, entre outros temas que permitam a educação da população.

Conheça aqui mais informações sobre o tema

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina em parceria com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo, que busca reconhecer a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade relacionada à saúde na América Latina.

Em 2021 os melhores trabalhos serão reconhecidos nas categorias Jornalismo Escrito, Jornalismo Audiovisual e Cobertura Diária. A pessoa ou equipe jornalística vencedora de cada categoria (no caso de um trabalho coletivo, a equipe deverá escolher um representante) receberá uma bolsa de estudo de até 5.000 dólares. Em cada categoria será dada uma menção honrosa para o tema de acesso à saúde; uma menção honrosa também será concedida em jornalismo de soluções e outra em cobertura jornalística da COVID-19.

Tem até 9 de junho de 2021 para registrar seu trabalho. Conheça as bases do Prêmio aqui. Seu trabalho merece ser reconhecido!

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