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Aumentar a rigorosidade e mantar a precisão dos dados: essenciais para o jornalismo investigativo em saúde e ciência

Aumentar a rigorosidade e mantar a precisão dos dados: essenciais para o jornalismo investigativo em saúde e ciência

maio 17, 2023

Os trabalhos vencedores e finalistas nos dez primeiros anos do Prêmio Roche representam o alcance e a importância que o jornalismo de saúde e ciência tem tido nas notícias da América Latina. Dentro desse grupo se destacam trabalhos de jornalismo investigativo e de colaboração internacional.

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A jornalista venezuelana Patricia Marcano Meza é coautora de ‘La mala leche de los CLAP’, um dos trabalhos transnacionais inscritos na primeira década da premiação e vencedor do Prêmio Roche em 2020. A reportagem é fruto de uma investigação desenvolvida entre jornalistas e meios da Venezuela e do México.

Para Marcano Meza, o trabalho colaborativo transnacional é essencial para criar uma matéria mais robusta e completa, “especialmente em países onde o acesso à informação é fechado, como na Venezuela. Fazer trabalhos transnacionais é fundamental para encontrar em outro país a informação que não podemos conseguir aqui dentro”.

Além disso, a jornalista unificou em seu trabalho qualidade com precisão entrega do jornalismo investigativo ao cobrir e informar sobre um tema de saúde.

Como conseguir isso?

Durante o seminário web ‘Investigar y seguirle el rastro a temas de salud’, Patricia Marcano deu técnicas para se fazer investigações em pautas de saúde e ciência não sem antes ressaltar que este tipo de jornalismo se atinge com método, perseverança, iniciativa, vontade e, sobretudo, olfato. Conheça as técnicas:

  • Fazer uma base de dados no Excel: Permite analisar o tema com visão própria, para tirar conclusões e encontrar possíveis inconsistências que levem a achados na investigação e ao lead da reportagem. 
  • Radar aberto e curiosidade ativa: Revisar as embalagens de produtos que tenham a ver com ciência e saúde (medicamentos, vitaminas, alimentos, entre outros) pode ser um ponto de partida para identificar pautas para investigar.
  • Rastrear as empresas: Consultar bases de dados de importações e exportações, como Panjiva, Import Genius e Datasur, fazendo uma busca avançada no Google ou fazendo solicitações a emails de contato.
  • Fazer uma busca avançada no Google: Buscar por site (.com, .ve, .co, .ar, etc.) por tipo de arquivo (PDF, Excel, PowerPoint, Word), por datas, combinações de palavras com mais (+), menos (-) ou “entre aspas”.
  • Familiarizar-se com bases de dados internacionais e registros de comércio: Útil para checar as empresas nesta indústria. Algumas dessas bases são: OCCRP Aleph, Sayari, OpenCorporates, Sunbiz. Além disso, buscar em registros de países, como Panamá, Reino Unido, entre outros.

Sobre a informação científica

Neste caso, a jornalista investigativa de Armando.Info enfatizou a necessidade de um “uso preciso e cuidadoso dos dados”, sobretudo no contexto pós pandemia, ante o uso irresponsável da informação que cria falsas expectativas. 

Estas são as recomendações de Patricia Marcano para se trabalhar com informação científica na cobertura de saúde e ciência:

  • Não se aventurar a publicar primeiro: Aumentar a rigorosidade, manter a precisão dos dados e não criar falsas expectativas, já que a publicação de uma pauta de saúde ou ciência pode mudar os hábitos das pessoas ou influir na tomada de decisões.
  • Revisar a fonte de informação: Se foi publicada em uma revista científica avaliada ou não, qual o tamanho da amostra usada, e checar a metodologia do trabalho.
  • Reconhecer as diferenças: Levar em conta que um estudo in vitro em laboratório e um estudo em animais não são iguais, ainda que os resultados sejam eventualmente positivos, e não significa que eles vão ter o mesmo efeito nas pessoas (isso deve ser comprovado com um ensaio clínico feito nelas).
  • Revisar o número de participantes: Não é a mesma coisa fazer uma análise em 24 pacientes para um estudo clínico que um estudo em uma população de mil ou três mil pessoas. O tamanho da amostra terá impacto nos resultados.
  • Procurar especialistas indicados: Se estamos falando de um vírus, procurar infectologistas ou virologistas, e não qualquer pesquisador ou médico, por exemplo. Aproveitar o uso dos termos e da linguagem mais comum desses especialistas, se também forem professores universitários, para um melhor entendimento do tema e, assim, transmitir melhor a informação ao público.

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo, que procura premiar a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade sobre temas de saúde e ciência na América Latina, integrando os olhares sanitário, econômico, político, social, entre outras áreas da investigação no jornalismo.

Para mais informações ou dúvidas sobre a décima primeira edição do Prêmio Roche, escreva para o email: premioroche@fundaciongabo.org

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