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Como cobrir ensaios clínicos no jornalismo: chaves para informar com rigor e clareza
Em 1747, o médico escocês James Lind realizou uma investigação para estudar a ausência de vitamina C como causa do escorbuto entre marinheiros britânicos. Esse trabalho demonstrou a importância da pesquisa clínica como ferramenta essencial para o avanço científico e o desenvolvimento de tratamentos médicos que melhorem a qualidade de vida das pessoas e, com isso, contribuam para o bem-estar da sociedade.
Em comemoração a esse primeiro ensaio clínico documentado, cada ano desde 2005, o dia 20 de maio é celebrado como o Dia Internacional do Ensaio Clínico.
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Desde o Prêmio Roche, queremos te dar algumas dicas importantes para a cobertura jornalística do tema.
Por que cobri-los?
Por serem parte essencial no desenvolvimento de novas tecnologias, ferramentas e tratamentos médicos, os ensaios clínicos são temas de alto interesse no jornalismo de saúde e ciência: todos queremos saber o que há de mais recente acontecendo. Justamente por isso, em meio à pressa e à empolgação, muitas vezes negligenciamos o rigor e a precisão ao comunicá-los, caindo em exageros e em sensacionalismo.
Uma cobertura jornalística rigorosa permite que a sociedade conheça, compreenda e replique a informação científica que não está tão acessível ao público geral. Por isso, quem reporta deve assegurar-se de entender, interpretar e traduzir essa informação.
Como fazer isso?
Se você é jornalista e está cobrindo temas relacionados a ensaios clínicos, ou pretende fazê-lo, aqui estão alguns pontos a considerar:
1. Verifique suas fontes
Como em qualquer outro tema, no jornalismo de saúde é vital consultar fontes confiáveis. Certifique-se de que a informação recebida é verdadeira e precisa.
2. Vá à origem
Sempre prefira consultar publicações científicas revisadas por pares. Não se limite à nota das agências de notícias ou ao comunicado de imprensa. Embora essas sejam ferramentas com informações relevantes, elas já passaram por um filtro de interpretação que pode torná-las menos precisas. Se tiver acesso ao estudo médico, revise-o e compreenda-o. Caso contrário, utilize sites como Medline, PubMed ou Free Medical Journals para encontrá-lo.
Saiba mais sobre como escolher quais estudos médicos cobrir
3. Entenda a metodologia
Em que fase está o ensaio clínico? Ele é randomizado ou controlado? É cego ou duplo-cego? Qual é o tamanho da amostra? Todos esses fatores podem influenciar os resultados da pesquisa e, consequentemente, seu trabalho jornalístico.
4. Fale com especialistas
Você não precisa saber tudo. Enquanto revisa o trabalho, anote as dúvidas que surgirem, identifique o que não ficou claro e o que pode gerar confusão. Consultar especialistas no tema vai te ajudar a compreender e interpretar melhor a informação, além de oferecer uma visão crítica e contextual.
5. Utilize uma linguagem clara e simples
Lembre-se de que o objetivo do seu trabalho é ajudar a interpretar e divulgar informação científica especializada. Não presuma nada. Seu público não possui a informação e o contexto que você tem. Seu trabalho é oferecê-los da forma mais simples possível, para que possam ser analisados e debatidos.
6. Evite o sensacionalismo
Nem todos os estudos são descobertas históricas, achados revolucionários ou possíveis curas. Isso não significa que não devam ser noticiados, mas sim que é necessário fazê-lo com responsabilidade e moderação, sem exageros nem gerar falsas expectativas.
Leia mais:
- Do comunicado de imprensa ao artigo jornalístico: Cinco conselhos para evitar exageros e comunicar sobre saúde e ciência com responsabilidade
- Por que não existe estudo científico perfeito: um guia para jornalistas
Sobre o Prêmio Roche
O Prêmio Roche é uma iniciativa da Roche América Latina, com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo, que busca premiar a excelência e a cobertura jornalística de qualidade sobre saúde na América Latina, Espanha e Portugal.