10 conselhos para informar sobre a COVID-19, segundo a Organização Panamericana de Saúde

A irrupção do COVID-19 no mundo desafia os jornalistas. Por um lado, eles são colocados frente a uma cobertura de um tema que está em constante mudança e ante o qual – além de tudo – devem proteger a própria saúde física e mental; por outro lado, os jornalistas precisam lidar com uma quantidade excessiva de informação relacionadas à doença, o que pode ser um grande inimigo para eles e para a audiência.

Por isso, a Organização Panamericana de Saúde (OPS) elaborou o documento ‘COVID-19: Conselhos para Informar. Dicas para Jornalistas’, que contém tanto maneiras para cobrir a crise de saúde, como conselhos para incentivar os jornalistas a contribuírem para a redução de riscos e salvar vidas a partir de uma postura de trabalho responsável.

Inscreva-se e participe do webinar: ‘Como informar sobre o coronavírus de forma responsável?’, com Carolina Robino (Chile), diretora da BBC Mundo.

O documento da OPS convida os jornalistas a cobrir com rigor a crise sanitária, apesar do risco de cair no que eles chamam de infodemia: “quantidade excessiva de informação sobre um problema que dificulta o encontro de uma solução e que pode gerar erros, desinformação e rumores”.

Recomendações para a cobertura

Para abordar o COVID-19, há que aprender certas lições em relação ao conteúdo, estilo e também ter cuidado com rumores e o tratamento dado dos protagonistas das histórias. Compartilhamos 10 lições a partir da Guia para Jornalistas da OPS:

1. Aceitar as novas regras de cobertura e distanciamento físico de uma pandemia, pela saúde sua e dos demais.

2. Pense antes de publicar, levando em conta os efeitos que sua notícia pode gerar. Não crie medos e nem estigmatizações com o conteúdo. Consulte apenas fontes com credibilidade e oficiais.

3. Informe sobre como funciona um vírus, o desenvolvimento de vacinas, a situação do sistema de saúde. O público sabe pouco desses temas e esse vazio pode levar à desinformação. Aproveite esta conjuntura para falar sobre esses tópicos, que normalmente têm pouco espaço nos meios informativos.

4. Não dramatize uma situação que é dramática por si só. Não exagere; seja a voz que fornece informação exata, fatos e evidências.

5. Reduza o uso de qualificativos como “doença mortal”, que não informa e provoca pânico, e tampouco use “o coronavírus de Wuhan”, que pode levar à estigmatização. Chame a doença pelo nome correto: COVID-19. Fale das “pessoas que tem COVID-19”, em vez de casos ou vítimas, e assim mantenha a informação com uma linguagem positiva.

6. Busque exemplos de coberturas em países onde a doença esteja mais avançada. Ali poderá encontrar outras formas de abordar as histórias.

7. Evite repetir teorias ou rumores que podem parecer verdades para o público e que geram temores.

8. Conte histórias de pessoas que trabalham juntas pelo bem comum, seja para prevenir a propagação do vírus ou para dar apoio a idosos e pessoas em grupos de risco. Essa informação dá esperança e motivação para que se siga adiante.

9. Não enfoque a informação apenas nas pessoas com maior risco. Os dados mostram que pessoas de todas as idades e condições de saúde foram infectadas pelo COVID-19. Ao focar em um só grupo, o jornalista passa a mensagem de que os outros podem “relaxar” e se descuidar das medidas de proteção indicadas pelas autoridades.

10. Use as redes sociais. Elas podem ser um bom espaço para encontrar histórias que inspirem e levem mensagens positivas. Mas comprove a veracidade delas antes de usá-las.

Consulte as dicas para os jornalistas

Se te interessa saber mais sobre o tema, você pode consultar o conteúdo completo do documento ‘COVID-19: Conselhos para Informar. Dicas para Jornalistas’, elaborado pela OPS.

Essas dicas ressaltam a importância de informar com paixão, e não com temor, e de buscar todos os dias histórias e enfoques a partir de fatos, fontes oficiais e científicas. Essa é uma maneira de aproximar-se daqueles que vivem a pandemia e daqueles que ajudam essas pessoas a se recuperarem, enquanto o noticiário segue em constante atualização de dados e números para a audiência, que está temerosa, mas tem interesse em conhecer mais sobre saúde pública.

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em saúde é uma iniciativa da Roche América Latina em conjunto com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo. O Prêmio reconhece a excelência e fomenta o trabalho jornalístico de qualidade na cobertura de temas de saúde na América Latina.

Você tem até 31 de maio de 2020 para inscrever seu trabalho em alguma das seguintes categorias: Jornalismo Sonoro, Jornalismo Digital e Cobertura Diária.

Será entregue neste ano uma menção honrosa para uma cobertura do COVID-19. O objetivo é incentivar uma abordagem jornalística dessa crise sanitária e sua relação com a sustentabilidade dos sistemas de saúde na América Latina. Conheça as regras da menção honrosa e inscreva seu trabalho.