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Dez recomendações para fazer uma melhor cobertura de temas de saúde focado nas mulheres

Dez recomendações para fazer uma melhor cobertura de temas de saúde focado nas mulheres

agosto 04, 2022

A cobertura de temas relacionados à saúde das mulheres está no radar dos jornalistas e meios de comunicação latinoamericanos, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido para tratar do tema com rigor, sensibilidade e respeito à realidade das mulheres no cuidado com a saúde em meio aos desafios impostos, principalmente, ao papel de cuidadoras dado a elas.

Assim pensam María Laura Chang e Olívia Meireles, vencedoras do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde em 2021 e 2020, e Nicole Martin, menção honrosa em Acesso à Saúde do Prêmio Roche 2021, que conversaram em um debate virtual sobre a importância da cobertura e difusão deste tema. Essas são algumas das recomendações que elas deram:

1. Equipes diversas: A área diretora e editorial de um meio de comunicação deve estar composta por um grupo variado de indivíduos (mulheres, afrodescendentes, pessoas LGTBIQ+, entre outros) que facilite a proposta de trabalhos jornalísticos que abordem diversos aspectos da sociedade. Uma equipe que busque a representação de diferentes interesses permitirá um trabalho com a sensibilidade e o respeito necessários.

2. Relevância: Demonstrar, ao propor um tema de saúde da mulher ao editor, que há repercussões em outros membros da sociedade quando se afeta a saúde de uma delas. Por isso, a cobertura jornalística das situações que as acometem é relevante para todos e deve ser visibilizada. São temas que não costumam estar nas agendas de notícias, e por isso podem ser um furo.

3. Temas pouco reportados: Aproveitar a pouca atenção na cobertura da saúde das mulheres para se aproximar de temas que até agora foram invisibilizados. Como por exemplo: a importância das parteiras nos países da América Latina, a violência obstétrica e o respeito ao parto natural, os direitos sexuais e reprodutivos de mulheres e pessoas LGTBIQ+, a intersecção entre crise climática e saúde.

4. Capacitação e sensibilização: Criar espaços constantes dentro das redações e equipes de trabalho em geral para que outros jornalistas ou editores, que até o momento não abordaram o tema a fundo, entendam como fazê-lo corretamente. Um comitê interno poderia ser o cenário para explicar aos colegas a importância do tema, a sensibilidade que a cobertura requer, o uso correto dos termos, entre outros aspectos que levem a um maior interesse do meio de comunicação em geral sobre o tema.

5. Fontes com perspectiva de gênero: Abrir espaço a profissionais médicos que foram invisibilizados como fontes de informação, médicos que possam contribuir com uma cobertura desde uma perspectiva de gênero, e também líderes comunitários que conhecem o que acontece nos povoados. O jornalista de saúde deve saber identificar as fontes que acrescentam ao debate em temas que normalmente não estão na agenda midiática, que saiam do discurso já conhecido, e que tenham a credibilidade necessária para divulgar suas visões com segurança.

6. Constância: Acompanhar constantemente temas relacionados à saúde da mulher, e que a cobertura e difusão dele não fique restrita a “datas ou dias especiais”. Qualquer época do ano é válida para se fazer reportagem sobre a realidade das mulheres.

7. Sem estereótipos: Dar visibilidade àqueles que geram mudanças e quebram o estereótipo sobre saúde da mulher, como por exemplo: contar a história do único pai de família que está como acompanhante de uma paciente em um hospital infantil, cercado de mães, avós ou tias responsáveis por cuidar de todos de suas famílias. Divulgar outras realidades ajuda a provocar mudanças, especialmente em um papel imposto às mulheres que, inclusive, deteriora a própria saúde delas.

8. Corresponsabilidade: Enfatizar o papel do Estado e do setor privado no cuidado da saúde das mulheres e visibilizar nos trabalhos jornalísticos que o cuidado também é um trabalho que não deve ser feito apenas pelas famílias, mas também pela sociedade, criando espaços para isso.

9. Diversidade de formatos: Temas relacionados à saúde das mulheres, como a violência de gênero, poderiam levar a contar essas histórias da mesma maneira. Por isso, é importante ser criativo ao falar sobre essas realidades. O uso de formatos diferentes em uma mesma cobertura – por exemplo: animações mais reportagens clássicas com uma linguagem simples – permite sensibilizar públicos distintos, entregando a informação na forma com que cada um deles a consome. No caso dos jovens, a história deveria ser traduzida ao formato das redes sociais, enquanto o mesmo tema – mais extenso – poderia ser do agrado de uma audiência mais velha.

10. Aliados: Acercar-se das “revistas de mulheres” ou editorias “para mulheres” nos meios de comunicação, já que podem ser um potencial aliado na cobertura do tema e na divulgação de novas histórias, sempre e quando o meio faça um jornalismo rigoroso, em linha com a perspectiva de gênero, sem banalizar a informação, e conte com um público que já está interessado no tema.

Veja aqui outras reflexões sobre a cobertura de saúde das mulheres:

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo, que busca premiar a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade sobre temas de saúde e ciência na América Latina, integrando os olhares sanitário, econômico, político, social, entre outras áreas de investigação no jornalismo.

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