Noticías
Recomendações de Nora Bär para a cobertura de jornalismo de saúde
“Ninguém pode exigir de um jornalista que vá contra suas convicções. Nós podemos nos negar a escrever uma notícia ou de assiná-la. Como dizia Tomás Eloy Martínez: o único bem que um jornalista tem é sua reputação e, se ele perde isso, perde tudo”, enfatiza a jornalista argentina Nora Bär.
Defender a postura jornalística, sobretudo como cobrir as fontes de saúde, foi um dos principais temas discutidos no workshop “O acesso à saúde na América Latina: um desafio sanitário e jornalístico”, no qual 22 jornalistas da região, junto com especialistas, mostraram uma radiografia de como anda o exercício jornalístico enfocado na saúde.
Nos seus mais de 30 anos de experiência na área, Bär trilhou um caminho que a consolidou como referência no jornalismo científico e de saúde na América Latina. Em 2018, foi jurada do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde, cuja inscrição para a oitava edição está aberta até 2 de abril nas categorias Jornalismo Digital, Jornalismo Sonoro e Cobertura Diária.
Bär aponta que grande parte da agenda da saúde está fora do consultório, pois não há recursos para todos e, por isso, é necessário aprender a decidir como estabelecer prioridades em um contexto de como se atribui a relevância a uma fonte de saúde nos meios de comunicação. “É preciso usar políticas públicas baseadas em evidências. Como são tomadas as decisões para a distribuição dos recursos?”.
Segundo o discutido no workshop, é possível afirmar que, em geral, os temas de saúde não são prioridade, mas que o principal objetivo é demonstrar a relevância dos mesmos e traduzir pesquisas sérias para poder informar bem a sociedade.
As verdadeiras fontes na saúde
A jornalista argentina aconselha os jornalistas a sempre se questionarem quando estão diante de uma informação: Quem a diz? Como essa pessoa sabe o que está me dizendo? De aonde ela tirou isso? É possível que ela esteja equivocada? Se a resposta for sim, então há um forte indicativo de que é necessário que o jornalista busque outras fontes para se assegurar da veracidade da informação. Caso contrário, há que repetir o processo até encontrar veracidade nos fatos.
Pode também te interessar: Tudo o que você deve saber para se inscrever no Prêmio Roche 2020
É possível afirmar que os jornalistas de saúde devem descartar os artigos baseados em pseudociência e as pessoas que exercem a medicina sem ser profissionais registrados, chamados também de sanadores ou curandeiros. Ainda assim, é necessário revisar com rigor quando se utiliza dados que não estão checados ou sustentados em pesquisas, quando há falta de dados ou de profissionais ligados à saúde pública, ou se há conflitos de interesses porque o especialista já trabalhou em outra empresa ou está vinculado a grupos políticos.
“O kit de detecção de bobagens de Carl Sagan”
Nora Bär tem uma lista de dicas que o cientista estadunidense Carl Sagan, astrônomo, astrofísico e astrobiólogo, entre outras coisas, tinha como máximas para não cair no erro e para fomentar um debate robusto baseado em evidência que abarque todos os pontos de vista.
- Não leve em conta os argumentos de autoridades: elas se equivocam. Na ciência não existem autoridades, quando muito, um especialista.
- Considere mais de uma hipótese. Se há algo que deve ser explicado, olhe todas as formas em que se deve abordar o tema.
- Não se case com apenas uma hipótese.
- Seja muito preciso com os números.
- Se há uma cadeia argumentativa, cada um dos elos deve funcionar; que a maioria funcione não é suficiente.
- Entre duas hipóteses para explicar um fenômeno, escolha a mais simples. E sempre se pergunte se ela não é falsa.
Bär insiste que na comunicação em saúde é necessário “ser preciso quando informamos resultados preliminares, meticulosos com dados e estatísticas e não utilizar palavras como “cura milagrosa” ou frases relacionadas”.
Convidamos você a se inscrever no Prêmio Roche 2020
Sobre Nora Bär
Jornalista científica há três décadas. Editora e colunista de Ciência e Saúde do jornal La Nación. Há nove anos apresenta um programa semanal sobre ciência, saúde e tecnologia em rádios de Buenos Aires. Desde 2015 encabeça El Arcón, na Rádio del Plata.
Membro da Academia Nacional de Jornalismo da Argentina e da Rede Argentina de Jornalismo Científico. Também conduz cafés científicos da Academia Argentina de Ciências Exatas, Físicas e Naturais e foi vencedora de diversos prêmios, entre eles o prêmio Konex, de divulgação científica (duas vezes), o prêmio da Universidade de Buenos Aires por sua trajetória jornalística, o prêmio Adepa, o prêmio Ineco ao jornalismo de neurociência e o prêmio René Baron
Foi jurada de tese de doutorado em comunicação da ciência, dos prêmios Konex, e de concursos de excelência em jornalismo científico, como o Prêmio Novo Nordisk à excelência em jornalismo sobre diabetes, o Prêmio Dow pela Divulgação Científica, e o Prêmio Ciencia que Ladra, Siglo XXI, da La Nación.
É autora de Viceversa, colunas publicadas no La Nación, e De la probeta a los genes: Hormona de crecimiento, una epopeya científica argentina. É editora da coleção ¿Qué es…?, da editora Paidós.
Prêmio Roche 2020
Você tem até 2 de abril para inscrever seu trabalho para participar do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde, que, em sua oitava edição, terá três categorias: Jornalismo Sonoro, Jornalismo Digital e Cobertura Diária. Esta última categoria será entregue pela primeira vez. Ainda assim, serão dadas três menções honrosas ao tema de acesso à saúde e uma menção de honra ao melhor trabalho relacionado a jornalismo de soluções.
Conheça as regras do Prêmio Roche
Sobre o Prêmio Roche
O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo. A premiação busca dar reconhecimento à excelência e fomentar o jornalismo de qualidade na cobertura de temas de saúde na América Latina.