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Falar sobre saúde mental, um desafio jornalístico que pode ajudar aqueles que padecem dela

Falar sobre saúde mental, um desafio jornalístico que pode ajudar aqueles que padecem dela

março 03, 2020

O aumento da cobertura midiática sobre problemas de saúde mental fez com que 31% das pessoas que padecem de doenças desse tipo se sintam “menos sozinhas”. Essa é a constatação de pesquisa realizada por Mind, organização britânica sem fins lucrativos que trabalha pela saúde mental.

É por isso, entre outas coisas, que existe o Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde, que está com as inscrições abertas até 2 de abril nas categorias Jornalismo Sonoro, Jornalismo Digital e Cobertura Diária: para reconhecer a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade sobre temas de saúde na América Latina.

Cobrir essa temática representa um desafio para os jornalistas. Por isso, Pablo Correa, editor de ciência, saúde e meio ambiente do jornal colombiano El Espectador, compartilhou, durante o seminário web “Relatos que abordam a saúde mental na Colômbia”, ferramentas para cobrir o tema da melhor forma possível.

Evite cair em lugares comuns

Saúde mental é um tema que abarca uma grande quantidade de transtornos: bipolaridade, ansiedade, ataques de pânico, fobia social, transtorno de stress secundário a um trauma. Existem mais de 100 tipos de doenças psiquiátricas. Se o jornalista não se deixar guiar por uma curiosidade autêntica na sua investigação, ele inevitavelmente terminará abordando estes temas de maneira superficial, sem conseguir explicar ao leitor suas causas, incidências e outros aspectos diferenciadores.

Tente não fazer jornalismo só da redação

Quando o jornalista não dedica tempo e paixão suficientes para cobrir um tema de saúde mental em profundidade, acaba fazendo jornalismo só da redação. Isto é: sem desenvolver uma proximidade saudável com as fontes pertinentes. 

Conheça as regras do Prêmio Roche

Não cair na pornô-miséria ou romantização

 

Em temas de saúde mental, sempre existirá a tentação de relatar as histórias dos pacientes de uma forma ficcional, o que, para Correa, parece algo que foi tirado de uma novela romântica do Século XIX: ao retratar essas histórias em torno da pornô-miséria, o jornalista acaba aumentando a estigmatização daquelas que têm alguma doença mental

Perder o medo da ciência

Quando não é um jornalista especializado em temas de ciência ou de saúde quem cobre a área, é comum que as reportagens publicadas não levem em conta os estudos científicos que tenham a ver com o tema reportado. Ao desconsiderar a academia, o jornalista faz um jornalismo superficial, pois deixa de lado um mar de conhecimento que durante o último século permitiu à humanidade entender melhor a doença mental vista sob a ótica da neurologia, psiquiatria, fisiologia, anatomia ou neurolinguística. 

Poderia te interessar: Como falar sobre um tema de saúde quando o foco é delicado: recomendações dos especialistas 

Cuidado para não ouvir fontes equivocadas

Infelizmente, é frequente observar que, ao trabalhar temas que envolvam saúde mental, o jornalista termine consultando pseudocientistas que concedem entrevistas facilmente para promover seus serviços, sem ter o conhecimento necessário que os enquadrem como fontes qualificadas. Mas o jornalista profissional deve lutar incessantemente contra o charlatanismo na área da saúde como uma maneira de prestar um bom serviço à audiência. 

Usar as imagens adequadas

É comum ver que para acompanhar as reportagens sobre saúde mental se utilize a típica imagem ilustrativa que mostra uma pessoa segurando com pesar a própria cabeça. Na verdade, se o repórter se dá o trabalho de ir a um hospital e retratar pacientes de verdade, com certeza irá obter imagens muito diferentes e muito mais próximas à realidade.

Procurar temas novos e enfoques diferentes

Correa recomenda aos jornalistas que leiam muita literatura de não ficção, como Oliver Sacks. Há que buscar ter contato com narrativas que fomentem o desenvolvimento de novos olhares sobre temas de saúde mental, o que com certeza permitirá ampliar a agenda e diversificar as maneiras de abordar uma história. Também sugeriu revisar o trabalho de jornalistas especializados como Benedict Carey, do The New York Times, ou escutar o podcast Hidden Brain, da Rádio Pública os Estados Unidos.

Instagram como uma ferramenta para pessoas que padecem de algum problema de saúde mental (conteúdo adicional)

O Instagram se converteu em uma das redes sociais mais usadas no mundo por sua facilidade de uso, dinamismo e estrutura narrativa. Além de ser uma egoteca, conta com algumas ferramentas para ajudar aqueles que apresentam algum tipo de patologia mental, como a depressão. 

Como funciona? Ao escrever #depressao no buscador do Instagram (uma pequena lupa), aparece uma mensagem que indica se a pessoa que está passando por um momento difícil pode encontrar apoio falando com um amigo, com um voluntário de uma organização de ajuda ou receber sugestões que foram úteis a outras pessoas na mesma condição. 

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo. A premiação busca dar reconhecimento à excelência e fomentar o jornalismo de qualidade na cobertura de temas de saúde na América Latina. 

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