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Como cobrir ciência e saúde desde a televisão de acordo com Luciana Osório

Como cobrir ciência e saúde desde a televisão de acordo com Luciana Osório

março 28, 2017

Os temas mais relevantes no campo da saúde são os mesmos na América Latina: mudam as fronteiras, as culturas, os idiomas, mas não os problemas e os desafios. Isso é o que acha a jornalista brasileira Luciana Osório, vencedora do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde em 2015 na categoria de Televisão e vídeo, pela reportagem Pedra no Caminho. (Até o dia 3 de abril você pode inscrever seu trabalho no Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde ).

De acordo com Osório, a cobertura jornalística de temas de saúde implica uma vantagem para o continente, uma vez que “se todos os jornalistas enfrentam os mesmos obstáculos –a dificuldade de acesso aos tratamentos na saúde pública e a ausência de informação básica que conduz ao diagnóstico de doenças graves– também podemos compartilhar e mostrar as melhores soluções”.

Osório oferece quatro conselhos que podem ser levados em conta no momento de elaborar reportagens audiovisuais em temas de saúde:

1. As reportagens de ciência e saúde para a televisão devem utilizar sempre a linguagem mais simples possível. A ciência apresentada pela televisão não vai dirigida aos cientistas. É ciência para a maior parte da população, cujo único contato com a biologia ou a química foi na escola. Por isso, o jornalista deve traduzir para esse público o que as fontes dizem. E a primeira lição consiste em eliminar as palavras que só seriam entendidas por outro cientista. Sempre é possível dar uma nova definição utilizando sinônimos que preservem o conhecimento técnico e sejam compreensíveis para todos.

2. Fazer um bom filtro. Na televisão, devido ao tempo limitado que é disposto para exibir uma reportagem, a quantidade de conteúdo que pode ser incluído na edição final tende a ser menor do que nos meios impressos. Por isso, o jornalista deve ser seletivo com as informações que divulga. Tudo o que é dito por um cientista nem sempre é relevante e compreensível para o público em geral. Para realizar esse trabalho, quanto mais o jornalista saiba sobre o assunto e conheça mais sobre o texto em questão, maior será a quantidade da seleção de dados que irão chegar até o telespectador.

3. Encontrar a melhor forma de ilustrar o tema escolhido. Pode haver ocasiões nas quais não será possível ilustrar algo sem a ajuda de um microscópio. Muitas explicações técnicas que são necessárias incluir na reportagem, como o contágio da febre amarela ou o desenvolvimento de um câncer. Nestes casos são essenciais os recursos artísticos, gráficos e as animações que ajudam ao telespectador entender o conteúdo. É preciso que o público saiba sempre o que está sendo explicado, ao contrário será difícil captar sua atenção com informações que não fazem parte do seu cotidiano.

4. Pensar sempre em personagens representativos. A compreensão de um tema de ciência e saúde fica mais fácil quando é ilustrado com a história de alguém. Desta forma, o telespectador descobre pontos em comum, se identifica com a pessoa e assimila melhor as informações. Além disso, sempre que for possível convém estruturar as gravações com um acompanhamento das ações ao invés de se limitar em gravar entrevistas. A história termina sendo muito mais atraente se ela se desenvolver frente à câmera. Quando não é possível fazer isso, é válido o uso de recursos tirados da ficção para ilustrar a entrevista, como a reconstrução dos fatos com a ajuda de atores ou o emprego de imagens de apoio gravadas pela mesma pessoa.

Luciana Osório

Jornalista formada na Universidade Federal de Santa Catarina. Iniciou sua carreira na televisão como estagiária na sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro. Em 2005 começou a trabalhar no programa Fantástico como produtora de reportagens, função que desempenha atualmente. Entre 2005 e 2014 trabalhou em séries especiais sobre ciência e saúde apresentadas pelo Dr. Drauzio Varella.

Em 2010 recebeu o Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo do Movimento de Justiça e Direitos Humanos da Escola de Advogados do Brasil, pela reportagem Órfãos da hanseníase de sua autoria.

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa dos Laboratórios Roche na América Latina em parceria com a Secretaria Técnica da Fundação Gabriel García Márquez para o Novo Jornalismo Ibero-Americano –FNPI-, que busca reconhecer a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade sobre os temas de Saúde na região. (Consulte as regras do Prêmio).

Neste ano, vão ser premiadas as categorias de Jornalismo escrito e Televisão e vídeo. As inscrições vão estar abertas até o dia 3 de abril.

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