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Comemoremos as mentiras sobre a COVID-19 que os fact-checkers conseguiram enterrar

Comemoremos as mentiras sobre a COVID-19 que os fact-checkers conseguiram enterrar

agosto 05, 2021

Por: Cristina Tardáguila

Na luta contra a desinformação causada pela pandemia, os dias podem parecer longos. Você liga o computador e se depara com uma série de frases, fotos e vídeos falsos. Mas se olhamos os dados relativos à cobertura jornalística feita nos últimos meses, nos daremos conta de que, na verdade, há mudanças. E que sim, conseguimos muitas vitórias contra as mentiras sobre a COVID-19.

Em julho do ano passado, 48 organizações que se dedicam à verificação de dados em 45 países compartilharam com a aliança #CoronaVirusFacts 653 checagens. Ou seja, ao longo de um mês identificaram em média mais de 21 mentiras por dia. Quase uma por hora!

Em julho de 2021 houve muito menos. Segundo a própria base de dados da aliança, os checadores detectaram 128 mentiras sobre a COVID-19 e suas vacinas.

A análise do conteúdo checado há um ano nos dá outra boa notícia. Muitas das mentiras compartilhadas antes desapareceram quase que por completo e/ou não viralizam mais nas redes sociais.

Em julho de 2020, a América Latina convivia diariamente com publicações que tentavam promover falsas curas e falsos métodos de prevenção para a COVID-19. No México, por exemplo, dizia-se que as folhas da goiaba eram capazes de curar os doentes: informação falsa. Na Colômbia, era a mistura de limão com gengibre. Mentira. Na Argentina, a “cura” estava no café, enquanto que no Brasil as pessoas recomendavam melão, laranja, chá de ervas e outras coisas.

Como sabemos hoje, nenhum desses produtos naturais funcionou, nem funcionará, contra o novo coronavírus. A única forma eficaz de evitar a COVID-19 é com a vacina, mantendo o distanciamento social e usando máscaras.

Mas é importante olhar atrás e ver que o trabalho da comunidade de fact-checkers foi importante, e talvez decisiva, para reduzir a circulação dessas mentiras.

Tampouco se encontra na internet ou nas cadeias de WhatsApp ataques aos oxímetros e aos termômetros infravermelhos. Há exatamente um ano, várias equipes de checagem do mundo publicavam artigos para desmentir loucuras que desinformavam envolvendo esses dois aparelhos.

No México, Bolívia e Colômbia, por exemplos, acreditava-se – e compartilhava-se rapidamente nas redes – que os oxímetros serviam, na verdade, para roubar as digitais dos cidadãos e, portanto, facilitar o acesso de criminosos aos dados pessoais. Para desmentir essa farsa, foi preciso que a equipe de Animal Político desenhasse um dedo dentro de um oxímetro e explicasse visualmente como o aparelho funciona, sendo incapaz de registrar e/ou compartilhar uma imagem.

Na Costa Rica, diziam que os termômetros infravermelhos não deveriam tocar a testa porque destruiriam neurônios, cegariam a pessoa e/ou afetariam a estabilidade dos chacras. Mas claro! Houve aqueles que ficaram mais preocupados pela medição que pela temperatura corporal em plena pandemia. Para sublinhar o alto grau de inconsistência nessas farsas, vários checadores lembraram que esses aparelhos são geralmente utilizados por pediatras em crianças, de forma indolor.

Mas ainda que a comunidade de fact-checkers tenha vários motivos para comemorar vitórias, ela ainda deve seguir unida, lutando contra teorias da conspiração e curas falsas. São várias as mentiras sobre a COVID-19 que estão circulando há mais de um ano.

As mentiras sobre a cloroquina e a hidroxicloroquina, medicamentos incapazes de prevenir ou curar a COVID-19, são bons exemplos. Se em julho de 2020 o tema foi checado 29 vezes pelos fact-checkers brasileiros, há um mês eles tiveram que apoiar diversos políticos e, inclusive, alguns médicos para defender a ineficácia desses medicamentos em sessões de uma comissão parlamentar de consulta promovida pelo Senado do país.

Também seguem ativas as críticas às máscaras. Há exatamente um ano, países como Espanha, França e Grécia sofriam com publicações que insinuavam que as máscaras diminuíam o nível de oxigênio do corpo. Hoje circulam pelas redes vídeos que falsamente mostram larvas minúsculas saindo delas. Também há quem insista em dizer que esses acessórios podem causar câncer.

Está claro com isso que a luta continua. Mas depois de um ano e meio de pandemia e mais de 13 mil checagens publicadas, é importante reconhecer o trabalho dos checadores e comemorar com eles algumas de suas vitórias. Os fact-checkers são indispensáveis.

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