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Como retomar o jornalismo de saúde além da pandemia?

Como retomar o jornalismo de saúde além da pandemia?

março 18, 2021

A emergência sanitária desatada no mundo pelo vírus causador da COVID-19 domina o noticiário há um ano, ao ponto de que quase todo jornalista – especializado em saúde ou não – trabalhou nessa cobertura. Esse movimento vem apagando pouco a pouco o que definia a seção de saúde, que antes ocupava um espaço pequeno em jornais, respostas e noticiários de rádio ou televisão.

Mas o que aconteceu com as outras doenças e temas que antes da pandemia só pertenciam a esse pequeno espaço dado pelos meios de comunicação? Como e por que voltar a isso quando ainda há tanto por informar sobre a COVID-19?

Para isso, consultamos dois dos assessores médicos do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde que acompanharam a avaliação e seleção dos melhores trabalhos inscritos para verificar o domínio científico do tema retratado. Trata-se de Esther Samper, médica, mestra em Biotecnologia Biomédica, criadora do blog MedTempus e assessora do Prêmio Roche em 2013, e Guillermo Capuva, médico, apresentador e colunista para temas médicos em C5N, Metro, Magazine, CN23, América, entre outros, e assessor do Prêmio Roche em 2020.

Os recursos disponíveis para a cobertura

A pandemia ocupou, compreensivelmente, quase todo o espaço informativo ao longo do último ano. Entretanto, Esther Samper lembrou que “as notícias importantes na medicina seguem” além das relativas ao coronavírus.

Por isso, a especialista recomendou aos jornalistas em saúde “usarem parte do tempo para investigar sobre outras questões não tão midiáticas”, mas também valiosas para divulgar à audiência apesar da grande quantidade de tempo demandada pela cobertura da atual emergência sanitária.

Para isso, Samper anotou alguns dos recursos disponíveis: “Grandes revistas médicas como The Lancet ou The New England Journal of Medicine ou webs como EurekAlert seguem oferecendo informação sanitária relevante para além do coronavírus”.

A assessora do Prêmio Roche na sua primeira edição recomendou seguir médicos, farmacêuticos, biólogos e biotécnicos, assim como a meios especializados no âmbito sanitário em redes sociais para conseguir uma visão ampla de outros temas valiosos.

Falar do que?

Segundo Guillermo Capuya, assessor do Prêmio Roche em 2020, há doenças regionais esquecidas como a leishmaniose ou a Doença de Chagas que o jornalismo deve incluir na agenda noticiosa para que sejam levadas em conta por governos, autoridades sanitárias e indústria farmacêutica, já que “apesar de não ser patologias extremamente ‘rentáveis’, porque são geradas na pobreza, deve-se combatê-las e assumir suas consequências”.

Samper referiu-se a como o tratamento e o diagnóstico de doenças como o câncer foi afetado em muitos lugares pela pandemia por causa do medo das pessoas de ir ao médico e evitar possíveis contágios por COVID-19, prejudicando diagnósticos.

Para a especialista, é importante fazer uso dos espaços informativos para divulgar à audiência a importância de ir cedo ao médico quando há sintomas ou sinais que indicam que algo não vai bem no corpo e, em vista da emergência sanitário que vivemos, ir a essas consultas tomando as precauções necessárias (uso de máscaras, higiene das mãos, distanciamento social, etc.).

Guillermo Capuya afirmou que o acesso à saúde a aos medicamentos é um tema fundamental a ser retomado. O especialista ratificou a importância desse tema no papel social dos comunicadores, uma vez que o jornalismo também é um mecanismo para a prevenção de mortes por doenças previsíveis quando coloca o tema na agenda pública.

O médico argentino também se referiu à violência de gênero, gravidez não desejada, gravidez adolescente, mortes por abortos clandestinos, planejamento familiar e aleitamento materno como outros temas que devem voltar à agenda pública da saúde.

Para Capuya, no geral, “a linguagem jornalística não é o que eu digo, mas como eu digo, e se se consegue empatizar com o público, conectar a ciência e divulgar os termos médicos/científicos, pode ser apaixonante e interessante”.

A primeira assessora médica do Prêmio Roche, por sua vez, lembrou que a qualidade informativa do trabalho em saúde depende de cada meio, segundo o rigor que estabelecem em suas publicações, com respaldo científico nos seus dados, sem sensacionalismo ou desinformação.

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina em parceria com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo, que busca reconhecer a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade relacionada à saúde na América Latina.

Em 2021 os melhores trabalhos serão reconhecidos nas categorias Jornalismo Escrito, Jornalismo Audiovisual e Cobertura Diária. A pessoa ou equipe jornalística vencedora de cada categoria (no caso de um trabalho coletivo, a equipe deverá escolher um representante) receberá uma bolsa de estudo de até 5.000 dólares. Em cada categoria será dada uma menção honrosa para o tema de acesso à saúde; uma menção honrosa também será concedida em jornalismo de soluções e outra em cobertura jornalística da COVID-19.

Tem até 9 de junho de 2021 para registrar seu trabalho. Conheça as bases do Prêmio aqui. Seu trabalho merece ser reconhecido!

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