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5 passos para um jornalismo de saúde com rigor científico

5 passos para um jornalismo de saúde com rigor científico

fevereiro 25, 2021

O tratamento contextualizado e com domínio técnico do tema é um dos critérios de avaliação e escolha do trabalho vencedor segundo as Bases do Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde, que está com as inscrições da nona edição abertas para o público até 9 de junho de 2021.

Inscreva seu trabalho aqui

Consultamos alguns dos jurados de edições anteriores do Prêmio Roche para conhecer suas recomendações sobre como ter rigor científico na cobertura de temas de ciência e saúde. Aqui estão as reflexões:

Pensar previamente no impacto

Apesar de se colocar o rigor científico como uma das principais características dos trabalhos no jornalismo de saúde, Daniela Pinheiro, jornalista brasileira e bolsista da Reuters Institute for the Study of Journalism na Universidade de Oxford (Inglaterra), incluiu outro elemento que também leva ao rigor científico: o impacto.

Segundo a jornalista, ainda que o rigor científico seja fundamental, a análise prévia do impacto da informação a ser divulgada é muito importante e “impregna todo o jornalismo”. Pinheiro indica que é necessário se perguntar: Por que são feitas essas histórias ou reportagens?; O que se espera com isso?; Procura-se um impacto local ou nacional de grande relevância?

“Esperamos que algo mude (com as reportagens). Esperamos que a situação que estamos informando ou investigando não se repita se é uma má situação, que ela acabe, por exemplo”, comentou.

Descontaminar as fontes

Uma das principais noções no exercício jornalístico é o contrataste da informação. Dar espaço a distintas vozes, fontes ou personagens em uma história é fundamental em qualquer área do jornalismo. Entretanto, para Pablo Linde, jornalista de saúde espanhol no jornal El País da Espanha, quando se fala de jornalismo científico ou de saúde é necessário ter extrema cautela ao “dar voz a todos os que opinam sobre um tema” ou, inclusive, reconsiderar o contraste mencionado.

Segundo o jornalista espanhol, muitas vezes essas opiniões “estão contaminadas por falácias ou superstições cuja publicação pode ser prejudicial. Não é igual uma opinião baseada em evidência que outra baseada em crença. É preciso dar voz apenas à primeira”.

Buscar novos contrastes

O rigor no jornalismo de saúde é uma “questão básica” para Alipio Gutiérrez, jornalista, apresentador de diversos programas na Espanha e presidente da Associação Nacional de Informadores da Saúde (ANIS) da Espanha. “Não basta o que me diz uma fonte. Preciso de dois ou três fontes que me confirmam a informação, e para isso é necessário procurar quem apresenta evidência científica”, disse o jornalista.

Geralmente, seguiu Gutiérrez, tal evidência está em mãos ou é de conhecimento das autoridades sanitárias, mas a experiencia lhe ensinou que é necessário ir além, criando vínculos com outros autores das áreas científica e sanitária, como as associações científicas, por exemplo: especialistas em urologia, cardiologia, doenças infecciosas, epidemiologia, entre outros.

“Não podemos ser equidistantes na hora de tratar sobre os assuntos que afetam a saúde. Estamos com a ciência, com a evidência científica e isso deve prevalecer. Temos que buscar o contraste de opiniões com os colégios profissionais, com as sociedades científicas, com as associações de pacientes e pendentes das autoridades sanitárias que são as principais responsáveis”, afirmou.

Atualizar a informação

Depois da análise do impacto da informação a ser trabalhada, o contraste correto e a consulta a diversas fontes, é necessário mais uma etapa na busca do rigor científico, posterior à publicação do tema: a atualização do conteúdo. Para Alipio Gutiérrez, este passo é essencial levando em conta que se trabalha um assunto delicado como a saúde a vida do público.

Gutiérrez também disse que para “caminhar” em direção a um jornalismo de precisão no âmbito sanitário “temos que estar muito atentos às mudanças e à evidência científica, porque o que hoje pode parecer ser o certo para todos – em função de uma evidência – provavelmente em 10 anos não será tão bom ou será ainda melhor, e há que contar isso, atualizar essa informação”, explicou o jornalista, classificando essa prática como um esforço para o rigor que devem ter os jornalistas de saúde.

Investir no jornalismo de ciência e saúde

Para Patricia Fernández de Lis, jornalista espanhola, fundadora e diretora da web de notícias Materia, associada com o jornal El País, outra forma de alcançar o rigor científico é os meios de comunicação investirem em jornalistas de ciência e saúde.

“Em geral há um nível muito bom (na América Latina). O que eu gostaria é que fosse mais estável, que não fosse por causa de uma pandemia que os meios de comunicação decidissem investir nesta informação, mas que tivéssemos informação de ciência e saúde série a rigorosa todos os dias do ano”, comentou.

Ainda assim, para a espanhola, a pandemia causada pela COVID-19 e que segue atacando o mundo tem sido um alerta para os meios de comunicação reverterem essa situação e darem mais espaço e participação a jornalistas de ciência, levando em conta “o valor e a importância da boa informação científica-técnica em temas de saúde, porque é o que mais afeta o cidadão”.

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina em parceria com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo, que busca reconhecer a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade relacionada à saúde na América Latina.

Em 2021 os melhores trabalhos serão reconhecidos nas categorias Jornalismo Escrito, Jornalismo Audiovisual e Cobertura Diária. A pessoa ou equipe jornalística vencedora de cada categoria (no caso de um trabalho coletivo, a equipe deverá escolher um representante) receberá uma bolsa de estudo de até 5.000 dólares. Em cada categoria será dada uma menção honrosa para o tema de acesso à saúde; uma menção honrosa também será concedida em jornalismo de soluções e outra em cobertura jornalística da COVID-19.

Tem até 9 de junho de 2021 para registrar seu trabalho. Conheça as bases do Prêmio aqui. Seu trabalho merece ser reconhecido!

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