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Como fazer jornalismo digital em saúde, segundo o jurado do Prêmio Roche 2020

Como fazer jornalismo digital em saúde, segundo o jurado do Prêmio Roche 2020

novembro 20, 2020

Restaurar a dignidade do jornalismo de saúde e seu espaço, tanto nos meios de comunicação como nas diversas plataformas que surgem com a evolução da tecnologia, é uma tarefa que não deve ser deixada para depois, assegurou Cristina Tardáguila, jurada na categoria Jornalismo Digital da oitava edição do Prêmio Roche.

Para a jurada, diretora adjunta da International Fact-Checking Network (IFCN) e coordenadora da aliança CoronaVirusFacts, a conjuntura causada pela COVID-19 e a transformação das redações em todo o mundo são uma mostra da importância do jornalismo de saúde, que mostrou “sua força” em 2020. Por isso, Cristina ressalta a importância de concursos como o Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde.

“É muito importante também que haja um prêmio que estimule que se fala sobre doenças, hospitais, médicos e tudo o que vimos nos trabalhos finalistas desta edição, na qual vimos reportagens mais profundas, o que faz falta no jornalismo”, expressou a jornalista brasileira.

Por sua vez, Pablo Linde, jornalista do El País da Espanha e jurado de Jornalismo Digital no Prêmio Roche 2020, disse que premiações como essa sempre serão um incentivo para o bom jornalismo.

“Em uma profissão desgraçadamente precária, o reconhecimento tanto profissional como econômico de um prêmio como esse pode melhor o nível geral dos meios em um assunto tão delicado e que exige tanto rigor como a saúde”, afirmou o jornalista espanhol.

8 aspectos do jornalismo digital

Para a jornalista Cristina Tardáguila, é fundamental entender que “o verdadeiro jornalismo digital é esse que tenta ativar o número mais amplo de sentidos: o ouvir (áudios, podcast), o ver (vídeos, infográficos), o tato (interatividade); já não basta mais apenas ler. Temos que estar além disso porque a orelha faz parte, o clicar faz parte. Tomara que algum dia possamos sentir os cheiros e provar algo”.

Com essa ideia em mente, os jurados da categoria Jornalismo Digital no Prêmio Roche 2020 falaram sobre 8 aspectos a ser levados em conta ao se fazer jornalismo de saúde em formatos verdadeiramente digitais:

1. Ser conciso apesar de ter um espaço ilimitado: a concisão será sempre um valor jornalístico. É necessário selecionar o que é importante para o leitor, ainda que não estejamos limitados por um número definido de páginas.

2. Conhecer bem a audiência: o objetivo de um trabalho que utilize formatos digitais deve ser levar todos os tipos de audiência a compreender a informação que está sendo publicada e não trabalhar apenas de acordo com o que estamos acostumados a fazer.

3. Que a originalidade não interfira na clareza: há formatos verdadeiramente chamativos, mas que são difíceis de executar bem.

4. Integrar infográficos: uma ferramenta útil para complementar a informação e ajudar a certos tipos de audiência a compreender o conteúdo.

5. Ser cauteloso com o uso de recursos multimídia: escolher o que queremos com vídeos ou áudios para não banalizá-los.

6. Lembrar do valor da interatividade: esse recurso pode ser útil para a compreensão da informação pela audiência, que pode ter contato com o conteúdo através de um clique para mudar a página, para o funcionamento de um infográfico, entre outros.

7. Um formato bonito não é tudo: não menosprezar valores jornalísticos clássicos que sempre devem ser levados em conta, como o rigor, a clareza e a boa escrita.

8. Estimular nosso cérebro para poder estimular o cérebro alheio: aproveitar os recursos que a internet oferece para despertar todos os sentidos e ter mais ferramentas para levar o leitor à compreensão.

“Digital não é só um URL”

O jurado da categoria Jornalismo Digital no Prêmio Roche 2020 reafirmou que nenhum dos trabalhos selecionados como vencedor e finalistas estavam compostos unicamente por texto. Cada um deles tinha elementos digitais que complementaram a história e a informação publicada, além de serem usados como forma de dar maior credibilidade ao trabalho jornalístico.

Ainda assim, e apesar dos aspectos que devem ser levados em conta segundo o jurado para trabalhar nesses formatos, os jornalistas que estiveram a cargo da avaliação dos trabalhos inscritos nessa área enfatizaram o “complicado equilíbrio” necessário entre os elementos digitais e a história em si, equilíbrio esse que foi levado em conta na hora de escolher o vencedor.

Para o jornalista espanhol Pablo Linde, jurado na categoria, “no final o conteúdo sempre se sobressai sobre a forma”, referindo-se à relação entre história a ser contada e o formato digital. Cristina Tardáguila ratificou essa ideia e agregou que, ainda que outros trabalhos tivessem apresentado mais conteúdos visuais digitais, “é necessário saber que o digital não é apenas uma URL”.

Dessa forma, como jurados do Prêmio Roche 2020, ambos encontraram em ‘La mala leche de los CLAP’, trabalho publicado em Armando.Info (da Venezuela), o equilíbrio apropriado de um trabalho de jornalismo digital.

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