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Como falar sobre um tema de saúde quando o foco é delicado: recomendações dos especialistas

Como falar sobre um tema de saúde quando o foco é delicado: recomendações dos especialistas

março 03, 2020

No exercício jornalístico diário, os jornalistas muitas vezes enfrentam situações difíceis de cobrir. Falar de um tema de saúde quando o foco é o cuidado e como abordar o suicídio ou o estupro pode representar certa tensão para os envolvidos quando falam com um meio de comunicação. 

Neste texto, compartilhamos com você uma série de recursos e informações dadas por especialistas para saber como abordar essas situações sem perder o rigor, a ética e o valor jornalístico.

Como você tem interesse na cobertura de temas de saúde, convidamos a ti a se inscrever no Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde, uma iniciativa da Roche com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo, que busca reconhecer a excelência e estimular a cobertura jornalística de qualidade sobre temas de saúde na América Latina. Para isso, estão abertas as inscrições até 2 de abril para a oitava edição do prêmio, nas categorias Jornalismo Sonoro, Jornalismo Digital e Cobertura Diária. 

Convidamos você a se inscrever no Prêmio Roche 2020

Estudo acadêmico sobre cobertura de suicídios

Um estudo académico publicado na JAMA Open Network analisou a cobertura de 10 jornais das mortes de Anthony Bourdain e Kate Spade e sugeriu 14 princípios para jornalistas, pois tratar de saúde mental demanda uma ética apurada.

O que fazer (e o que evitar) ao informar sobre suicídio

  1. Compartilhe uma mensagem de esperança, lembrando que o suicídio tem prevenção.
  2. Transmita que os comportamentos suicidas podem ser reduzidos com apoio e tratamento de especialistas em saúde mental.
  3. Proporcione informação útil, como sinais de advertência ou fatores de risco de suicídio.
  4. Não dê detalhes sobre o lugar onde ocorreu a morte.
  5. Diga o número telefónico de sua cidade ou país que oferece serviços de prevenção ao suicídio.
  6. Não inclua detalhes ou imagens das ferramentas ou métodos letais utilizados.
  7. Não coloque como manchete a notícia sobre o suicídio no seu jornal.
  8. Não descreva o suicídio como inexplicável ou uma surpresa.
  9. Não aponte detalhes específicos sobre as notas deixadas pelos suicidas.
  10. Utilize a linguagem preferida por especialistas em saúde mental, como por exemplo “morreu por suicídio” em vez de “se suicidou”.
  11. Utilize fotos que mostrem a vida do indivíduo ao invés de sua morte.
  12. Não utilize manchetes sensacionalistas.
  13. Evite dar uma só causa como a explicação pela morte por suicídio.
  14. Evite se referir ao suicídio como um problema crescente, uma epidemia, ou em aumento vertiginoso.

Falar de estupro

Assim como falar de suicídio não é fácil, também é complicado falar sobre casos de estupro. O Centro Dart para Jornalismo e Trauma da Universidade de Columbia ofereceu recomendações para a cobertura jornalística em casos de denúncias de abuso sexual.

  1. Os números reais de casos de violência sexual são difíceis de estabelecer

Inclusive em países com instituições robustas como os Estados Unidos, a quantidade de casos de estupro não comprovados a nível nacional é baseada em dados de algumas cidades grandes e não costumam levar em conta estatísticas de cidades pequenas e zonas rurais. Tente não se apoiar em um dado preciso sobre os testes de abuso sexual não comprovadas em sua região.

  1. Os testes afetam todos os sobreviventes de maneiras diferentes

Assim como as pessoas têm diferentes reações após uma agressão sexual, também é verdade quando elas tomam ciência sobre as investigações sobre os seus casos. Alguns sobreviventes ficam feliz ao saber que seu caso foi reaberto, ou se sentem aliviados em finalmente saber o nome de seu agressor. Os repórteres que entrevistam as vítimas devem seguir as melhores práticas para entrevistar vítimas de violência sexual.

Você pode se interessar: O que deve e o que não fazer um jornalista de saúde

  1. Lembre-se: os sobreviventes vão ler o que você escreva sobre eles

Procure incluir nas suas histórias como os sobreviventes podem obter informação de maneira proativa sobre seu caso. Diga a eles como eles podem procurar assessoria ou apoio.

  1. Compreenda os padrões dos estupradores em série

As pesquisas sobre violência sexual comprovam que existem muitos estupradores em série do que o estimado pelas autoridades. As provas de DNA que envolvem múltiplas vítimas oferecem a oportunidade de estudar os hábitos e padrões desses estupradores e obter uma visão retrospectiva em relação a como os casos foram investigados originalmente.

  1. Histórias bem escritas podem mudar o futuro

Esclarecer hoje muitos casos de denúncias de estupro determina como as autoridades policiais vão investigar delitos sexuais no futuro, como os responsáveis por formar políticas públicas vão financiar as provas e se as vítimas receberão indenização e assessoramento para ajudá-las a se recuperarem. 

Conheça as regras do Prêmio Roche

Sobre o Prêmio Roche

O Prêmio Roche de Jornalismo em Saúde é uma iniciativa da Roche América Latina com a Secretaria Técnica da Fundação Gabo. A premiação busca dar reconhecimento à excelência e fomentar o jornalismo de qualidade na cobertura de temas de saúde na América Latina. 

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